Duna de Frank Herbert, o início de uma saga
- Jäger Gislon
- 27 de out. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 30 de nov. de 2024
Duna de Frank Herbert, o início de uma saga

Duna de Frank Herbert, o início de uma saga! Duna, de Frank Herbert, é, sem dúvida, um dos melhores livros que já li. Neste post, farei um resumo da história e, em seguida, compartilharei minha opinião. Se você quer evitar spoilers, recomendo que pare por aqui. Mas, curiosamente, o próprio Frank Herbert entrega tudo que irá acontecer na história logo no começo... Enfim, vamos lá.
Duna se passa entre os anos 10191 e 10193 AG (After Guild, ou "depois da Guilda") em um universo controlado por um Império que segue um sistema feudal. Casas Maiores e Menores são representadas no Landsraad, um tipo de parlamento galáctico, enquanto a economia é controlada pela corporação CHOAM. Entre essas Casas, uma delas ganha destaque crescente: a Casa Atreides. Seu líder, o duque Leto Atreides, recebe do imperador Shaddam IV (da Casa Corrino) o feudo de Arrakis, o planeta de onde vem a especiaria mélange. Esta especiaria é o recurso mais valioso do Império, pois além de prolongar a vida, é fundamental para os rituais das Bene Gesserit e essencial para a navegação da Guilda.
A nomeação dos Atreides como senhores de Arrakis, porém, é parte de um complô do imperador e seus soldados Sardaukar, em aliança com o barão Vladimir Harkonnen, para destruir os Atreides, cuja influência no Landsraad vem se tornando perigosa. Quando chega a hora, o médico Suk dos Atreides, Doutor Yueh, trai a família e facilita o ataque dos Harkonnen. O duque Leto é capturado e morto pelo barão, assim como o próprio Yueh. No entanto, Paul Atreides, filho de Leto, e Jessica, sua concubina Bene Gesserit, conseguem fugir para o deserto.
Lá, Paul e Jessica recebem a ajuda de Liet Kynes, planetólogo de Arrakis, e se juntam aos Fremen, o povo do deserto. Desde que chegaram a Arrakis, os Atreides reconheceram a força e habilidade dos Fremen, diferentemente do restante do Império que os ignora. Um ataque repentino ocorre e resulta na morte de Liet Kynes e de Duncan Idaho, um dos guerreiros mais leais dos Atreides.
Em sua jornada, Paul e Jessica vão ainda mais fundo no deserto e acabam conhecendo Stilgar, líder de uma tribo dos Fremen, e se estabelecem em Sietch Tabr, uma das bases escondidas dos Fremen no deserto. Em Duna, a conservação da água é central, assim como os perigos naturais de Arrakis. Os Fremen vestem trajes Stillsuits, que reciclam a água do corpo humano, enquanto vermes gigantes, chamados de Sandworms, ou Shai-hulud, dominam o deserto.
A história dá um salto de dois anos. Paul consome grande quantidade de mélange e, após um ritual com água venenosa de um verme, adquire o poder de prever o futuro e acessa as memórias dos ancestrais. Ele se reencontra com Gurney Halleck, espadachim dos Atreides e considerado um dos melhores do universo, assim como o falecido Duncan Idaho, e juntos planejam um contra-ataque ao imperador Shaddam e aos Harkonnen. Nesse tempo, Paul ganha o nome de Muad'Dib entre os Fremen e se apaixona por Chani, filha de Liet Kynes.
Paul derrota o imperador, casa-se com sua filha, Irulan, e se torna imperador do Império. Ocorre então uma guerra santa galáctica, ou Jihad, onde os Fremen, que acreditam que Paul é o Mahdi, lutam contra o resto do Império em nome dele.
Claro que muito mais acontece na história; isso é apenas um resumo de 6 parágrafos de um livro com mais de 600 páginas. Se ainda não leu, recomendo que o faça. E, se quiser mais detalhes, assista ao vídeo aqui que analisa o livro em profundidade.
Eu gosto muito de Duna. As primeiras 200 páginas focam na política, espionagem e estratégias ocultas. Vemos os Atreides tentando enfraquecer seus inimigos com manobras políticas inteligentes. Thufir Hawat é essencial nessa fase, usando suas habilidades de Mentat para elaborar estratégias a serviço de Leto. Após o ataque dos Harkonnen e Sardaukar, o livro muda de foco, explorando religião, ecologia e sociologia. Passamos a ver como os Fremen vivem, suas crenças, seus costumes e sua visão da opressão do Império sobre seu planeta, que extrai a sagrada especiaria mélange de suas terras.
Duna também explora profundamente a mente humana, um dos temas centrais da história. Paul precisa alcançar um nível psicológico e intelectual muito além do comum, que até mesmo as Reverendas Madres Bene Gesserit hesitam em tentar. Com o poder da mélange e suas visões, Paul consegue finalmente vencer seus inimigos. A ação, por vezes, é deixada de lado para dar espaço a esses temas filosóficos.
Outro ponto de destaque nos primeiros três livros de Duna é a ecologia de Arrakis. Descobrimos que o planeta nem sempre foi um deserto, como é nos tempos de Paul. Pardot Kynes, pai de Liet Kynes, descobriu que, no passado, Arrakis tinha oceanos e florestas, mas algo ocorreu e resultou em sua desertificação. A explicação vem no terceiro livro, mas não vou entrar nesse detalhe aqui.
No fim, Duna não é apenas uma história sobre um herói derrotando vilões, mas uma reflexão sobre os perigos de um poder excessivo nas mãos de uma única pessoa, algo que já vimos repetidas vezes na história real. Frank Herbert, com seu livro de 1965, antecipou muitas questões atuais, como o aquecimento global e a degradação dos valores sociais (tema mais aprofundado nos livros seguintes). Duna é, no fundo, um alerta para a humanidade refletir sobre o próprio futuro. Talvez ainda haja tempo para acordarmos.
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